O Vudu é uma religião oriunda da África, da região dos Yorubás e chegou ao Haiti, levado por escravos, em 1571.
É uma religião politeísta e seus deuses são chamados:
"AS LOAS",
No feminino.
Como no monoteísmo, existe uma entidade suprema e todos os demais deuses estão abaixo dela, mas nunca se reza ou se pede alguma graça a essa entidade suprema, pois ela está além de nossa capacidade humana e certamente não dispõe de tempo a perder com as atividades dos mortais.
O contato com o divino é feito através das loas.
Muitos foram humanos e elevados a um nível superior para servirem a determinados propósitos.
Em função de sua origem humana eles têm emoções e necessidades e precisam ser mimados como crianças para estarem quietos e felizes.
Como a maioria das religiões ancestrais, suas crenças eram fundamentalmente animistas, cultuando as entidades representativas das forças da natureza, os espíritos dos mortos e alguns animais e plantas.
Por isso foi considerada uma manifestação pagã, e o vuduismo se tornou proibido.
Sem outra opção, uma parte dos seguidores do Vudu, os da chamada parte branca, se fizeram "cristãos e por traz das imagens do cristianismo, faziam oferendas às suas Loas (Deuses).
Os da chamada parte negra do Vudu (correspondente à Quimbanda), foram perseguidos e tiveram que se manterem escondidos, com cerimônias secretas e com sua cultura religiosa sendo passada de pai para filho.
Vudu é uma corruptela da palavra "Vaudoux", dada a um deus serpente com poderes de oráculo.
A maioria dos termos Vudu é em "Criolo", do idioma Haitiano, que combina o francês com o espanhol e o africano.
Atualmente já existem algumas influencias do "Patois", que é o criolo de Nova Orleans.
As Bonecas Vudu.
As bonecas Vudu variam de acordo com a tribo que as confecciona.
Não possuem um tamanho específico e podem ser feitas de diversos materiais, como: tecido, cera, madeira, argila, etc. São construídas com um propósito determinado e precisam de um testemunho do que representam.
Abaixo:
Algumas bonecas de trabalho e de proteção:
Este tipo de boneca, com roupas longas e festivas, é utilizada para trabalhar os problemas de fertilidade da mulher ou para induzir no casal o desejo de terem filhos
Esta boneca mostra o trabalho do Vudu utilizando-se de outras técnicas de cura.
Este boneco é utilizado para as mulheres terem o domínio sobre o homem ou para aquietar homens rebeldes ou promíscuos.
Boneca representativa de entidades, utilizada para proteção e para evocações diversas.
O SICRETISMO AFRO.
Vudu, Candomblé e Santeria.
Vudu, Candomblé e Santeria.
Dada a necessidade de se "esconder dentro do cristianismo, acabou surgindo um sincretismo com as religiões africanas. As principais foram o Vudu no Haiti, o Candomblé no Brasil e a Santeria (O Caminho dos Santos) em Cuba.
Os escravos que chegaram nesses países vinham de uma região hoje conhecida como Gana e de uma parte da Nigéria.
A maioria era de etnia Yoruba e em seus rituais costumavam sacrificar animais.
Por isso, não foi difícil para eles, aceitarem o princípio ritual do sacrifício do cordeiro na missa católica.
Seus deuses começaram a se identificar com alguns santos católicos que tinham características semelhantes.
Os espíritos não são entidades individuais, mas sim combinações de personalidades com várias entidades relacionadas.
Na Santeria existe uma entidade chamada de "Orisha e no Candomblé chama-se Orixá que é um deus em forma de serpente, bastante semelhante ao Vudu.
O deus Yoruba da caça é "Ogou", no Vudu é "Ogoun e no Candomblé "Ogum", entidades do ferro e guerra, identificados no Haiti como Santiago Maior e no Brasil como São Jorge.
"Xangô para os Yorubas é o deus do fogo e do trono, que se transformou em Santa Bárbara e, no Brasil em São Jerônimo.
Existem perto de 400 entidades menores, mas somente uma entidade maior.
Esta entidade é chamada de "Olorun", "Olodumare ou "Olodum", que é o Soberano do Universo.
Os DEUSEUS.
(as Loas) do Vuduismo.
SHANGO.
Deus do fogo e do raio.
ORULA.
Deus do destino.
ELAGA.
Deus dos viajantes.
OBATALA.
Deus do bem.
IEMAYA.
Deusa das águas e do mar.
ESHU.
Deus da vingança.
ALEGDA.
Deus dos males.
É malvado e temido, mas é também o deus da vida.
LEGBA.
Deus do portal entre os mundos dos mortais e o transcendental.
É, portanto, o responsável pelo trânsito entre as entidades e os mortais seus protegidos.
É também o senhor dos encantamentos e um dos deuses que conhecem o futuro e o destino das pessoas e do universo.
SAMBAYAH DAMBAYAH WEDO (Danhomey)
Significa o ventre da serpente sagrada.
DAN.
Deus serpente o arco íris.
É o Deus do dinheiro.
O que reparte a fortuna.
Prefere os lugares úmidos e é particularmente valorizado e de importância vital para os seguidores do Vudu.
Diz à lenda que algumas vezes DAN resolve sair da terra e ir paro o céu.
Quando ela se separa da terra e se une a abóbada celeste, deixa um presente para os homens e aquele que o encontrar terá riquezas e felicidade enquanto viver.
Uma vez no céu, retira suas vestes molhadas e as coloca nas nuvens para secar, fazendo aparecer o arco íris.
AGUE-TRAOYO.
Deus do mar e protetor dos marinheiros.
OGU.
Deus guerreiro.
Galos negros, brancos e cachorros são os principais sacrifícios para este Loa.
É o Deus que conhece todos os segredos da fusão dos metais.
Ogu significa ferreiro, e para a religião Vudu, Ogu é o mesmo que Marte e Vulcano eram para os romanos.
É também o deus da política e responsável por todos os acidentes.
SAKAPTA.
Deus das pragas e das enfermidades.
Deve ser muito respeitado, pois em sua ira pode dizimar famílias e mesmo cidades inteiras.
ELIZI FREDA DAHOMEY.
Deusa sexual, amante do luxo e do prazer.
É tida como a versão negra da deusa grega Afrodite. Antigamente era somente a deusa da fertilidade, atualmente é também o ideal do amor.
Bela, caprichosa, atraente e sedutora, já conquistou todos Loas do panteão Vudu.
Nos enredos de suas experiências amorosas, quase sempre ELIZI sai insatisfeita e nunca saciada de seu eterno desejo de ser amada.
GUEDES.
Deuses da morte.
De natureza ambivalente, muitas vezes espantosa e outras ridículas.
Dança e Rituais
Dança e Rituais
Existem valores sagrados e mágicos agregados à dança, na tradição religiosa do Vudu.
Através da dança, os movimentos do corpo humano adquirem a faculdade de assumir os atributos e poderes dos animais, dos fenômenos meteorológicos ou de qualquer outra ação que se imita ao dançar.
Para o Vudu, as danças são essenciais.
É através dela que o homem tenta entrar em comunhão a natureza e expressar-se com todo o seu ser para acolher a Loa (deus) que se manifestará por ele.
Não existe uma separação clara entre a dança sagrada e a profana, uma vez que é unicamente a expressão de sentimentos.
A dor, o sofrimento, o amor, a alegria, a vida ou o luto, se concentra tanto no canto quanto na dança, como se a alma humana se liberasse assim, de todos os seus pesos e temores.
A diferença entre as danças deve-se unicamente à entidade e o ritual que está sendo celebrado.
Geralmente as danças profanas, obscenas e alegres são reservadas às Loas GUEDES, os senhores da morte, como que para ao ritmo da musica e da dança, recordar aos homens o triunfo do erotismo, da alegria e do simples viver, sobre a morte.
Nos rituais YAMVALU são evocados os movimentos sinuosos da serpente, são danças lânguidas para o deus serpente.
Os ritmos dos tambores (sagrados, durante as cerimônias) são considerados como palavras dos espíritos e seu compasso pode se alterar de triste para alegre, de vivaz para lúgubre, dependendo da entidade que o está utilizando.
Os tambores rituais são fabricados com troncos escolhidos, peles sem defeitos, com muito esmero e durante o processo de fabricação são celebrados ritos especiais no intuito de trazer uma alma própria para esses instrumentos.
Os três principais ritos do Vudu.
Rada.
Que é direcionada à aristocracia das Loas africanas. Suas entidades são mantenedoras e protetoras da estabilidade das famílias, das tribos e de todo o universo.
São rituais de muito prestigio e autoridade, mas são de muita benevolência e tolerância.
Para estes rituais são utilizados três tambores feitos de couro de boi.
Petro.
as Loas destes rituais são muito mais inflexíveis e maus, podendo inclusive, chegar à crueldade.
as Loas destes rituais são muito mais inflexíveis e maus, podendo inclusive, chegar à crueldade.
Neste ritual fluía toda a raiva e sede de vingança dos escravos e onde deixava descarregar toda sua agressividade reprimida, típica dos que sofrem violências, abusos, humilhações e injustiças.
As Loas assumem uma imagem justiceira e colérica que pode se desviar para a intransigência e crueldade desenfreadas.
Nesses rituais são utilizados dois tambores de pele de cabra.
Zandor.
São os rituais mais secretos do Vuduismo.
Pouco se encontra na literatura sobre esses rituais e mesmo assim deixam muito espaço para os mitos e para a fantasia.
Muitos estudiosos dessa religião consideram esses rituais como variantes dos outros dois, dada a falta total de documentação e do silêncio que o envolve.
Os mais devotos acreditam que nesses rituais, os iniciados adquirem a capacidade de se transformarem em animais, em função da ingestão de sucos de plantas medicinais de conhecimentos específicos de certas entidades.
O Vudu é mau?
Assim como em todas as atividades humanas, o Vudu também possui seu lado bom e o seu lado mau.
Mas o Vudu nada tem a ver com os "Zumbis", os mortos-vivos, mostrados de forma leviana pela indústria cinematográfica Holliwodiana.
O que acontece é que os escravos que se juntavam para praticar seus cultos e sacrifícios aproveitavam para discutir sua libertação da condição de escravos e seus "amos", juntamente com o clero, atribuíam atividades demoníacas a esses cultos, como desculpa para coibi-los.
O Vuduismo é uma religião, em principio, voltada para o bem de seus praticantes, para a felicidade da comunidade e principalmente para a cura de males do espírito e doenças em geral.
Como dito acima, sendo uma atividade humana, existem sempre aqueles que procuram trabalhar em beneficio próprio, mesmo em detrimento da saúde, prosperidade ou felicidade de outrem.
Felizmente, são estes uma minoria insignificante perto da grandeza da religião como um todo e infelizmente, assim como na Umbanda, essa minoria acaba por denegrir todo o trabalho de uma irmandade.
Magia Negra.
"Ou se está com Deus ou NÃO..."
Não se pode servir dois amos de uma só vez.
Os trabalhos de magia negra não estão voltados somente para o mal, como muitos podem imaginar.
Não importa a que divindade se serve, essa divindade irá sempre proteger seus fiéis.
Aqueles que trabalham com a magia negra, dela farão uso sempre que quiserem proteger, curar ou ajudar a si próprios ou aos seus entes queridos.
Assim como os adeptos da magia branca, teoricamente os fieis às boas entidades, procuram se proteger dos adeptos da magia negra, estes também procuram se proteger contra a magia branca.
Fica, porém, muito difícil saber quando um trabalho é de magia branca ou negra, uma vez que o diferencial principal entre elas é o sentimento por traz da ação, ou seja, é o homem quem determina a qualidade da magia.
As entidades não são boas nem más, apenas são.
Os trabalhos conhecidos como de magia negra são muito mais simples de se executar e muito mais rápidos e eficazes para agir.
Isto se dá por que o humano está muito mais voltado para as riquezas e prazeres mundanos do que para a beatitude divina, e a maioria dos que se dizem adeptos do divino são incapazes de recusar riquezas e prazeres se lhes são oferecidos.